Rubem Alves

Os apaixonados vivem num mundo maravilhoso de fantasia amorosa.
Acreditam firme e honestamente que o casamento será a realização da sua paixão em toda a pureza da fantasia para o resto da vida.
Mas todo mundo sabe, menos os apaixonados, que na vida não acontece assim. As rotinas do dia a dia geralmente não combinam com fantasias amorosas.
Casados, os apaixonados terão de lidar com algumas coisas boas, mas também com uma porção de coisas banais e irritantes.
Algumas coisas banais acabam com o sonho romântico: a mancha de pasta de dentes na pia do banheiro, os pratos sem lavar na cozinha, os programas favoritos de televisão, que revelam a inteligência e a sensibilidade estética do espectador.
O problema está no caráter lógico do jogo que se joga. Porque o jogo que se joga é o jogo do lucro, e no jogo do lucro não há lugar para a bondade.
A paixão é muito parecida com a política. Enquanto os partidos éticos e idealistas não têm poder, eles se comportam como os apaixonados. Mas depois que estão no poder, a realidade é outra...
Para o casamento há três soluções.
Primeira: abandonar os belos ideais e aceitar as regras do jogo da realidade. Marido e mulher permanecem juntos por razões práticas.
Segunda: o divórcio que permitirá que se reinicie a busca do príncipe encantado em outro lugar. Mas com o novo príncipe encantado vai acontecer a mesma coisa.
Terceira: abandonar a política e transformar-se em profeta, isto é, visionário solitário. Solitários, não tem poder. Por serem solitário, não se joga em nenhum time e geralmente se é detestado pelos da direita e pelos da esquerda.
A política é um jogo com dados viciados. O poder corrompe. No poder todos os partidos jogam o mesmo jogo, com diferenças de estilo.
A solidão do profeta o torna fraco politicamente, mas, em compensação, lhe dá liberdade para dizer a verdade, sem que haja a preocupação com o uso de estratégias para sua segurança pessoal.
Quem quiser ficar casado ou permanecer no partido tem de se conformar: todos os príncipes encantados usam de estratégias para conseguirem o que desejam.
Mas o que resta então? Será que só a a alternativa da solidão profética, ou poética?

Acreditam firme e honestamente que o casamento será a realização da sua paixão em toda a pureza da fantasia para o resto da vida.
Mas todo mundo sabe, menos os apaixonados, que na vida não acontece assim. As rotinas do dia a dia geralmente não combinam com fantasias amorosas.
Casados, os apaixonados terão de lidar com algumas coisas boas, mas também com uma porção de coisas banais e irritantes.
Algumas coisas banais acabam com o sonho romântico: a mancha de pasta de dentes na pia do banheiro, os pratos sem lavar na cozinha, os programas favoritos de televisão, que revelam a inteligência e a sensibilidade estética do espectador.
O problema está no caráter lógico do jogo que se joga. Porque o jogo que se joga é o jogo do lucro, e no jogo do lucro não há lugar para a bondade.
A paixão é muito parecida com a política. Enquanto os partidos éticos e idealistas não têm poder, eles se comportam como os apaixonados. Mas depois que estão no poder, a realidade é outra...
Para o casamento há três soluções.
Primeira: abandonar os belos ideais e aceitar as regras do jogo da realidade. Marido e mulher permanecem juntos por razões práticas.
Segunda: o divórcio que permitirá que se reinicie a busca do príncipe encantado em outro lugar. Mas com o novo príncipe encantado vai acontecer a mesma coisa.
Terceira: abandonar a política e transformar-se em profeta, isto é, visionário solitário. Solitários, não tem poder. Por serem solitário, não se joga em nenhum time e geralmente se é detestado pelos da direita e pelos da esquerda.
A política é um jogo com dados viciados. O poder corrompe. No poder todos os partidos jogam o mesmo jogo, com diferenças de estilo.
A solidão do profeta o torna fraco politicamente, mas, em compensação, lhe dá liberdade para dizer a verdade, sem que haja a preocupação com o uso de estratégias para sua segurança pessoal.
Quem quiser ficar casado ou permanecer no partido tem de se conformar: todos os príncipes encantados usam de estratégias para conseguirem o que desejam.
Mas o que resta então? Será que só a a alternativa da solidão profética, ou poética?

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