domingo, 30 de outubro de 2011

No fundo, ninguém quer o raso

Fernanda Gaona

Com o avanço das superficialidades nas relações, não é raro encontrar pessoas que encontram um plano B, C ou D para as relações do dia a dia não se aprofundarem. Somos de uma geração antenada e cada vez mais solitária.
O outro?
De que importa.
Guardamos no bolso o restinho de altruísmo que ainda existe e falamos de boca cheia: eu faço sozinho.
E assim é.
Deixamos a cordialidade em casa quando saímos toda manhã e nos empenhamos em não solidificar qualquer tipo de relação.
Reis dos truques, estamos sempre desculpando nossos atos negativos e invertendo os papéis para jogar a culpa no outro.
Mas será que estamos mesmo preparados para interpretar nosso personagem em um monólogo?
Ou será que, com o passar do tempo, desaprendemos a dividir?
No fundo, ninguém quer o raso.
A gente batalha tanto pra perder a inocência e finalmente enxergar as coisas com clareza, que nos permitimos endurecer durante o caminho para finalmente alcançarmos esse estado.
Nem tudo que a gente conserva de puro merece ser abandonado.
Assim como os anos não anulam o que já foi vivido, a maturidade não anula o que já foi sonhado.




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